quarta-feira, 6 de maio de 2009

UMA JANELA PARA O PASSADO!!!

Quando lemos livros de história nunca sabemos o que vamos encontrar e ficamos surpresos com o que encontramos. Foi o que aconteceu quando lemos o livro “Uma fresta para o passado” escrito e publicado por Olívio N. Alleoni (com apoio da Unimed, edição 2003) referente a presença italiana e suas vivências em Piracicaba.
Ficamos surpresos em ver os nomes de inúmeras famílias, de conhecidos e também das nossas famílias na relação de imigrantes da Itália e algumas que nem sonhávamos ter vindo naquela época, ou seja, no final do século XVIII e XIX, e por encontrar nossas famílias ancestrais na relação, pois achávamos que eles tinham vindo bem depois do que fala o livro. Constatamos que as produções agrícolas que vararam os séculos em Piracicaba não são recentes. Por exemplo, no censo de 1836, existiam 78 engenhos de açúcar que produziam 115.609 “canadas” de 2,66 litros de açúcar, ou seja, 307514,94 litros de aguardente. Em 1854 as fazendas cadastradas produziram 115.609 arrobas de açúcar. Em 1854, havia 51 fazendas de cana de açúcar, com a produção de 131.000 arrobas ou 1.965.00 quilos de açúcar ou 39.3000 sacas de 50 quilos de açúcar.
Outra surpresa foi constatar que Piracicaba e região no século XIX, em 51 propriedades, no ano de 1858, já produziam 20.400 arrobas ou 612 sacos de 50 quilos de açúcar, 32.000 quilos de café, 19.500 quilos de fumo, 6.000 quilos de peixe, 8000 porcos gordos, 10.000 aves, e tinha 2.300 bestas ou cavalos, provavelmente para o trabalho na roça, mostrando que a terra roxa e massapés das de nossos solos teve longa durabilidade e eram férteis por suas própria natureza.
Já em 1890, Piracicaba produzia 115.000 arrobas ou 1.725.000 quilos e em 1900 produzia 32.7000 arrobas ou 4.905.000 quilos de açúcar provavelmente mascavo, já que não existiam ainda as usinas para cristalizar o açúcar.
Na descrição da produção de açúcar de cana de açúcar vemos que muita cana se produzia no bairro Pau Queimado, atrás do bairro onde fica o Carrefour, e naquele bairro Francisco Bessato produzia 500 arrobas ou 125 sacas de 60 kg. de café, em 1894, provavelmente era café em coco. Esta informação mostra que os solos do bairro Pau Queimado, que são constituídos de podzolizados ou massapés, foram cultivados por mais de cem anos, e embora não haja mais café, existe ainda cana de açúcar, em boas condições, plantados nos solos ao lado da estrada que demanda ao bairro do Pau Queimado.
Em 1884, também se fazia o policultura, plantando-se arroz, feijão, milho, batata (provavelmente inglesa), horta variada para alimentação e negócios. O beneficiamento do arroz e a farinha do milho era feito em troca de produto, por exemplo 10% do arroz beneficiado, e ou uma quantidade do milho transformado em fubá e canjica. Isto não nos surpreende, pois na década de cinqüenta do século XX, em Taquarituba e região ainda fazia-se a troca de produto beneficiado em troca de percentagem do produto, como constatou o colega Osvaldo Castelucci e nós quando chegamos no município na década de sessenta do século XXI.
No final da década de 1890, os Hometto(conforme grafia presente no livro) produziam 300 cargueiros de pinga, José Mandasqui produzia 200 cargueiros e Zeferino Bacchi produzia 55 cargueiros de aguardente, na região de Piracicaba.
Isso demonstra a participação dos imigrantes italianos no plantio de várias culturas agrícolas para a manutenção das suas famílias e desenvolvimento da cultura e indústria de cana de açúcar em Piracicaba e região.